Só umas palavrinhas à conta da efeméride de amanhã
Amanhã faz 40 anos que houve a revolução do 25 de Abril e que a minha vida deu uma volta de 180º. Assim de repente (e à época) para pior. Fartei-me de perder privilégios, que a bem dizer nem sabia que o eram, pois pensava que toda a gente vivia como eu.
Como já várias vezes referi assisti à revolução pela televisão, a preto e branco e de robe aos quadrados, estupefacta, eu e os meus irmãos com tanta gente aos gritos em cima de carros de combate, soldadesca sorridente e barbudos que nunca mais acabavam. Cravos à mistura. Não saímos de casa durante quatro dias.
Rapidamente percebi (graças aos neurónios e não a deus) que a liberdade era a melhor coisa que havia no mundo. E que dali para a frente, tudo aquilo que me via a ter de aturar por estar naquela "gaiola dourada" ia pró galheiro. Lá por casa sempre diziam "o futuro a deus pertence". Mas eu sabia que o meu futuro era eu que o ia decidir. E decidi. Graças ao 25 de Abril (e à minha teimosia). Tinha treze anos.
E teimosamente repito, hoje aos cinquenta e três, 25 DE ABRIL SEMPRE!
(homem lê o Jornal, sentado num candeeiro público, enquanto a revolução acontece, debaixo dele
Lisboa, 25 de Abril de 1974 - Fotografia de Carlos Gil)