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Disclaimer: este vídeo é uma sátira.
Hoje, dia em que se assinala mais um aniversário do atentado insane que transformou o Mundo, as atenções estão focadas num pequeno grupo de fanáticos, não muito diferente, no pensamento se não nas acções, do pequeno grupo que há 9 anos organizou e levou a cabo os ataques terroristas.
O principal protagonista destoutro grupo é Terry Jones, pastor do Dove World Outreach Center, em Gainesville, Flórida, que lançou há anos uma cruzada contra o islamismo, transcrita no livro Islam Is of the Devil ("Islão é do Demónio", em tradução livre mas aceite por mais loucos como Jones). Jones ganhou fama mundial quando divulgou na internet a sua proposta de transformar o dia de hoje no Dia Internacional de Queima do Corão. Mas Jones é um fanático que se limitou a cavalgar a onda das teorias da conspiração que surgiram logo que foi conhecida a intenção de construção de um centro cultural islâmico em Manhattan, a alguns blocos de distância do Ground Zero. Os habituais teóricos de conspirações não perderam tempo a efabular sobre uma congeminação islâmica global de erigir "uma mesquita da vitória" no Ground Zero; Newt Gingrich foi ao ponto de descrever o projecto como parte de um plano maquievélico que teria como objectivo trazer os EUA para a tutela da lei islâmica.
O prémio Nobel da paz atribuído a Obama não é bem um prémio. Normalmente, um prémio é o reconhecimento por actos valorosos praticados. Este caso é bem diferente. Trata-se de uma espécie de carta de recomendação para o Mundo. Hoje, como ontem, a Academia deixou-me de boca aberta. Ontem fiquei próximo do indiferente. Hoje estou deveras satisfeito.
Marieme Helie Lucas é uma socióloga argelina que fundou a rede internacional de solidariedade Women Living Under Muslim Laws e Secularism Is A Women's Issue. Marieme é igualmente a autora de uma crítica que considero indispensável ao discurso de Obama no Cairo.
Espero que o João não me considere uma das cínicas do costume, mas o artigo «Where are women and secularists in Obama's speech in Cairo?» toca nos pontos que me maçaram imenso mal ouvi o discurso de Obama, ex-libris de uma linha demasiado familiar para mim, aquela seguida pelo que Marieme, uma mulher de esquerda, chama a «esquerda cobarde». A mesma esquerda que fecha os olhos, em nome do multiculturalismo, a atrocidades cometidas em nome do direito à «diferença», na realidade atrocidades em nome da religião, como sejam, por exemplo, a arbitragem religiosa de questões familiares - que apenas leva à privatização de problemas sociais. O caso da juiza alemã que negou o divórcio a uma alemã de origem marroquina, vítima de violência doméstica, porque a sua suposta identidade cultural permite que o homem tenha «direito de castigo corporal sobre a sua esposa», não é uma caricatura é apenas um exemplo que explica, entre outras coisas, a ascensão da extrema-direita na Europa.
O fundamentalismo religioso, seja ele islâmico, cristão, hindu ou budista, é politicamente indissociável da extrema-direita mas quem vemos desculpar/menorizar esse mesmo fundamentalismo - se de outro flavour que não cristão, em particular islâmico -, é na maior parte das vezes a esquerda, que cai no mesmo erro de Obama neste discurso, um erro assente no que Amartya Sen denomina «singular affiliation», uma identidade pessoal definidade por aqueloutra religiosa em que a maioria dos indivíduos não se reconhece. Amartya Sen, numa conferência memorável que pode ser visualizada na íntegra no YouTube, denuncia esse erro como «Identity and Violence: The Violence of Illusion». A conferência partilha o título com um livro que nos explica o que devia ser óbvio para todos: a nossa identidade é, ou devia ser, um somatório de escolhas pessoais e não um rótulo imposto por outrem.
Agora ao vivo e a cores.
Em Janeiro do ano passado, alguns docentes e discentes da Universidade La Sapienza em Roma protestaram a presença de Bento XVI na abertura do ano académico. Os estudantes de Física foram particularmente veementes no protesto e planearam uma série de eventos para assinalar a coisa que incluíam um concerto rock (Bento XVI considera a música rock «expressão de paixões elementares que, nos grandes concertos musicais, assumiu carácter de culto, ou melhor de contra-culto que se opõe ao culto cristão»), um desfile gay contra a homofobia do Papa e uma Lectio Magistralis «em defesa da ciência contra o obscurantismo católico».
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
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The times they are a-changin’. Como sempre …
De facto vivemos tempos curiosos, onde supostament...
De acordo, muito bem escrito.
Temos de perguntar porque as autocracias estão ...
aaaaaaaaaaaaAcho que para o bem ou para o mal o po...