Tendo em conta que o Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais, acho que estão reunidas todas as condições para este Presidente da República não nomear Sócrates Primeiro-Ministro.
De resto, tendo em conta que o Presidente da República só pode demitir o Governo quando tal se torne necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, é óbvio, por maioria de razão, que estando em perigo o regular funcionamento das instituições democráticas - outra coisa não retirei das declarações de ontem - o Presidente da República não pode proceder à nomeação em causa.
Foi esta a consequência da declaração de ontem do Presidente da República.
Como é possível que nesta altura do campeonato o PR se dê ao luxo de fazer uma declaração tão ambígua? Uma declaração que não só não esclarece nada - nada! - como se presta a tantas e tão diversas interpretações. Como é possível?
Depois das normalíssimas declarações de hoje, podemos ficar descansados.
Tudo volta à primeira forma, como a maior parte dos comentadores fez questão de sublinhar. Afinal, "onde está o crime?"
Mas estará tudo louco?
Uma única coisa ficou clara. Cavaco vai candidatar-se a novo mandato com os apoios - únicos - do MEP, do PTP e do PPM (e talvez do Fernando Lima). Ele que não sabe de nada. Ele que está acima de tudo.
Já andava desconfiado, hoje a coisa ficou de papel passado. O senhor presidente não é ingénuo, nós também não.