Quando Kathleen Gustafson descobriu que Sarah Palin iria a Homer Alaska com uma equipa do Discovery Channel filmar um episódio do seu próximo reality show, decidiu afixar na propriedade do amigo Billy Sullivan um banner de nove metros que descrevia a wannabee candidata presidencial como «Worst governor ever». As cenas que se seguiram foram gravadas para a posteridade pelo telemóvel de Sullivan. Embora o foco do episódio tenha sido a cara de nojo e complacência de Palin ao saber que a professora Kathleen pertencia a uma classe que gostaria de ver extinta (cerca do 1:10, ou com mais detalhe aqui), é interessante ver a insistência na defesa da Constituição de quem não arredou pé da cena até o cartaz ter sido atirado ao chão em clara violação da 1ª Emenda que defende explicitamente a liberdade de expressão.
Um estudo das inúmeras sondagens realizadas no âmbito das eleições presidenciais norte-americanas indica que não foi a crise financeira, «guerras» culturais ou afins que propiciaram os resultados esmagadores de Barack Obama. A escolha de Sarah Palin como candidata a vice-presidente no ticket republicano tirou quaisquer hipóteses de vitória a McCain. De facto, a partir do momento em que as ...er... idiossincrasias (cognitivas, éticas e religiosas) da senhora começaram a ser conhecidas, as sondagens de McCain reflectiam quasi exclusivamente o grau (baixo) de aprovação de Palin pelo eleitorado. Numa altura em que se repetem os momentos Sarah Palin na política nacional, o artigo termina com uma lucubração auspiciosa (para mim, claro):
«Even so, bringing Sarah Palin to the foreground allows us to consider factors that attending only to fundamentals forces us to neglect: rhetoric, perceptions of candidates’ fitness for office, and the contingency of things.»
Sarah Palin foi votada o político em que os norte-americanos menos confiam numa sondagem do Politico divulgada hoje, algo que não surpreende dada a sua prestação, lamentável a todos níveis, durante a campanha para as presidenciais. Palin continua o seu percurso estonteante no exercício do cargo para que foi eleita, que está a merecer críticas duras no Alasca, em especial no que a nomeações diz respeito.
A última foi a escolha do procurador geral do Alasca, cargo para o qual Palin escolheu Wayne Anthony Ross, um advogado que uma vez escreveu uma coluna no Anchorage Times intitulada KKK 'art' project gets 'A' for courage em que afirmava que uma estátua de um membro do Ku Klux Klan era uma forma de liberdade de expressão e troçava de uma aluna negra que protestou a sua exibição.
Em particular, para além de alegadamente ter chamado «degenerados» aos homossexuais e ter prometido acabar com a soberania dos nativos americanos, Ross defendeu o direito dos maridos a violarem as suas esposas. De acordo com um testemunho, num encontro do grupo «Dads Against Discrimination», Ross terá afirmado «se um homem não pode violar a sua mulher, quem irá violar?» [If a guy can’t rape his wife, who’s he gonna rape?]. Leah Burton, que trabalha em violência doméstica, afirmou ainda que, numa reunião em que se discutia uma emenda de igualdade de direitos, Ross afirmou «se as mulheres mantivessem a boca fechada não haveria problemas de violência doméstica» [If a woman would keep her mouth shut, there wouldn’t be an issue with domestic violence].