Eu sou o do carro de trás
Porque é que aquele palhaço me está a buzinar?, olha 'tá verde, afinal o gajo tem razão, vou levantar-lhe o braço (o meu) e acenar com a cabeça. Para agradecer e pedir desculpa. Braço? Levanta-te e põe a mão a abanar para o senhor – vá, é uma ordem! E tu, cabecita, faz um ligeiro aceno, em tom compungido, enquanto um de vocês, olhitos, olha pelo retrovisor e tenta fixar o olhar no senhor.
Bem, verde, verde, verde, agora é avançar. Bracito, pára de abanar a mão e manda-a baixar o travão dela (o de mão, lá está). Isso. Agora aquela cena difícil do ponto de embraiagem. Tanto pedal, Jesus. Pézitos, pézitos, pézitos. Porra, lá aconteceu outra vez isto das luzes vermelhas. Deve ser do motor, tenho que o mandar polir. Dar à chave, dar à chave. Bracito, diz à mão para dizer ao senhor que espere, que isto sem calma não se faz. Mas anda cá depressa que preciso de ti para pôr o carro a trabalhar novamente e para agarrar o volante e partir