Deolinda, que graça! Eu gosto.
Tenho assistido a um «fenómeno» nos últimos tempos em Portugal. Muita gente adora repentinamente os «Deolinda». É certo que há também quem não goste nadinha…mesmo nadinha. Pedro ML, estou a falar de ti, desculpa lá.
A primeira vez que ouvi o grupo – acho óptimo que ele se chame dessa forma - foi a cantar há muito tempo a canção «Movimento perpétuo associativo». Vou contar: foi num táxi, à noite. O silêncio era sepulcral e eu pude ouvir a canção e ter a noção do texto. Adorei e ( é preciso dizer que eu sou uma bobdyliana e uma zecaafonsiana) achei que era extremamente inteligente, até porque dizia algo que eu sempre tinha pensado sobre (nós) os portugueses. «Vamos a eles! Travem-me, porque senão eu vou-me a eles!!!». Resta dizer, que não é preciso que nos travem, nós encarregamo-nos disso. Sabemos que somos assim, mas foi Fernão Mendes Pinto a dizê-lo, a retratar-nos. Aquela vontade de acabar com tudo e de desistir a meio do caminho. O non-sense…
Mas agora, de repente toda a gente descobriu. A extrema-esquerda órfã de tudo, até da razão para combater, mas aquela que tem reforma (choruda), aquela que está (embora sendo jovem) empregad(íssima), por razões políticas, resolveu que a última canção do grupo era um detonador para a revolta (daqueles que eles gostavam que se revoltassem, desde que não os incomodassem). A direita, desde JMF a VPV – este menos - (adivinhem de quem estou a falar…), acha que é uma canção contra a esquerda que manda neste país há anos e deixou a «malta nova» nesta situação. Recibos verdes. Já agora, sei muitíssimo bem o que é isso.
Este post não tem final nem moral. É a minha forma de dizer que os «Deolinda» são um grupo extraordinário. Não é quando todos (diferentes e desiguais) gosta, que algo se torna universal? Os Deolinda já estão a ser algo de universal em Portugal. Aconteceu.
P.S. já agora, ó Deolinda, não se deixem instrumentalizar (upsss, o Zeca diria: já fui paternalista!)