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jugular

Esto solo lo arreglamos entre todos

 

A diferença entre os dois países também passa por isto: um conjunto de empresas espanholas resolveu lançar uma iniciativa, sem patrocínios políticos, com o único objectivo de promover a confiança. Perceberam a confiança como condição necessária no combate à crise - e perceberam sobretudo que, se não forem primeiro os espanhóis a fazê-lo, dificilmente os outros o farão. No actual contexto político português isto seria uma impossibilidade, o que também diz muito sobre a forma como reagimos quando falam de nós. É que na distância que separa o desânimo e o optimismo, muitas coisas se podem cumprir. Não compreender a importância desta mensagem poderá ser inocente, valorizar o seu contrário é politicamente irresponsável.

Responsabilidade e bom senso

Em Novembro do ano passado, quando um inocente relatório do Banco Central Europeu denunciava os frequentes equívocos dos reportes orçamentais do governo Grego, poucos acreditariam nas implicações económicas que os países da periferia do Euro estão hoje a sofrer. Até há umas semanas atrás, o discurso conservador das agências de rating era ignorado pelo mercado de capitais. Na altura era justo afirmar, tal como o fizeram muitos economistas, que políticas orçamentais de promoção do investimento público asseguravam a prazo o desígnio de suster a forte crise económica que começou no início do ano de 2008 e que afectou fortemente os resultados da maior parte das economias no ano de 2009.

 

No entanto, o problema Grego e a violenta reacção dos mercados financeiros a contas falseadas, lançou a dúvida sobre a unidade do euro. A intransigência do BCE sobre a política de de elegibilidade dos colaterais sublinhou a dúvida: poderá a Grécia sair do Euro? E se pode sair a Grécia, porque não outros? Compreende-se que perante este tipo de dúvidas, os mercados facilmente  deixariam de vender o Euro para mais eficazmente atacar (especular) sobre a saída dos mais fragilizados da zona Euro, vendendo dívida daqueles com menor peso político e com contas mais frágeis dentro da União Monetária.

 

Double standards

As agências de rating já viveram melhores dias. A credibilidade destas "empresas" foi seriamente afectada nos últimos anos. Casos como a GMAC e crises como a do sub-prime tiveram um denominador comum, uma deficiente percepção do risco, fortemente ajudada pelo selo de garantia que estas agências se apressavam a colocar em produtos e emissões que hoje se percebe que nem eles percebiam.

Hoje foi notícia que a Moodys resolveu colocar o rating da dívida Portuguesa com outlook negativo. No entanto, se compararmos os dados económicos mais recentes da economia Portuguesa com os dados de outros países Europeus, ficamos com a estranha sensação que são usados outros critérios para analisar países com outra influência. Senão vejamos.

Em Espanha o PIB deverá cair pelo menos 4% este ano e na Irlanda mais de 7%. Em Portugal, espera-se uma queda de 3,9%. O deficit orçamental em Espanha e na Irlanda deverá ficar acima dos 12%!! Em Portugal deverá ficar abaixo dos 6%. O desemprego, que em Portugal será inferior a 10%, já chegou aos 18% em Espanha e aos 13% na Irlanda.

Se nenhuma economia está nas melhores condições, usando um eufemismo económico, é difícil perceber porque é que estas agências se mostram tão expeditas a rever as suas perspectivas para a economia Portuguesa e são tão complacentes com outros países que estão em igual ou pior situação que nós.  

A somar a tudo isto, se procurarmos no mercado financeiro o que os agentes económicos, que compram a dívida dos estados, nos dizem sobre o risco de cada um dos países, ficamos ainda mais perplexos. É que enquanto o preço de um seguro contra o risco de incumprimento da dívida Portuguesa custa 0.56%, o mesmo seguro para a dívida Espanhola é de 0.70% e para a Irlanda é de 1.32%. No entanto, o rating da economia Portuguesa está 1 nível abaixo da Irlanda e 2 abaixo de Espanha.

Em Portugal sofremos do síndrome do deslumbramento. Moodys, S&P, FMI e tudo o que seja internacional, e de preferência com sede em NY, são entidades sacro santas que percebem mais de nós do que nós próprios. Poucos são os que criticam estas entidades , e quando o fazem é sempre numa lógica partidária, como um suporte para validar uma posiçao ou um argumento. Falta-nos algum espírito corporativo quando se trata de defender o país daqueles que nos podem prejudicar apenas porque somos mais pequenos.

Take our money and run ...

Ontem a administração Obama decidiu cortar em 90% as remunerações em dinheiro para os executivos dos bancos que receberam fundos do TARP. E esta é daquelas medidas que têm tanto de inevitável e sensato como de ineficaz. De facto, é absurdo perceber que ainda a lamber as feridas de uma das maiores crises financeiras, 2009 será o 2º melhor ano de sempre em bónus, logo a seguir a 2007! Suprema ironia, ou outra coisa qualquer talvez um pouco mais ofensiva. No entanto, mexer nos salários de 25 pessoas em 6 ou 7 bancos fica um pouco aquém das expectativas, especialmente depois das tão discutidas alterações regulatórias. Na verdade, nos EUA poucas foram as alterações propostas e pouco se sabe do que poderá acontecer no futuro. E convenhamos, isso sim parece ser mais relevante. É bem mais importante perceber como se evita a próxima crise do que ir aos bolsos de uns senhores por terem abusado no descaramento com que lidam com as suas responsabilidades.

Entretanto, o regulador Inglês, de longe o mais proactivo desde o início da crise (provavelmente por problemas de consciência) apresentará hoje um relatório que promete "revolucionar a regulação financeira". O lema parecer ser: Tax on Size. Maiores impostos ou maiores necessidades de capital ou outras formas de impedir o crescimento dos bancos. Será o início de uma nova era? Não me parece. Depois da proposta dos conservadores Britânicos apresentada no último congresso de acabar com a FSA e concentrar as actividades de regulação financeira no Banco de Inglaterra, esta parece mais uma tentativa de mostrar trabalho e justificar a função.

Profissão: Céptico

O ruído de fundo que se ouve há muitos anos em Portugal decreta, por fatal incompetência, um miserável destino ao povo Português. Somos mais pobres, pouco qualificados, não queremos trabalhar e estamos sempre muito endividados. A voz da consciência crítica Portuguesa é muito lesta no diagnóstico e ainda mais expedita a apontar os responsáveis. Os nossos políticos são incompetentes. 

 

Caretaker Minister

Ahmadinejad não tomou hoje apenas posse para Presidente da República Islâmica do Irão, contra a resistência de grande parte do seu povo, ele assumiu igualmente a pasta dos serviços secretos, demitindo o seu anterior ministro. Mais do que assumir-se como líder de um povo, este senhor percebe que o seu maior teste a partir de hoje será resistir ao próprio povo, com repressão e muito bastão, prendendo todos os que ousarem resistir. Será uma luta lenta, uma página negra na história do Irão.  

Manifesto dos 28 passa a Manifesto dos 27

"É por haver na "Academia" tanto provinciano soberbo como Nogeuria Leite - a quem os aninhos na academia estrangeira não mudaram a essência - que o país está assim tão bem e se recomenda. Da universidade para os governos, dos governos para as televisões , de Pina Moura para Passos Coelho, a cartilha de Nogueira Leite é uma velha conhecida deste trinta e cinco anos. É pena que, sendo tão novo, já esteja assim"

João Gonçalves, Portugal dos Pequeninos     

Confusões

"... aparentemente, ninguém estava disposto a segurar as exportações portuguesas, por o risco ser visto como demasiado grande. Ou seja, fazer seguros às exportações portuguesas neste momento é um mau negócio. Como é um mau negócio, o Governo achou por bem ir a correr comprar esse mau negócio com o dinheiro dos contribuintes..."

Insurgente

 

Além do juizo de intenções gratuito incluído neste texto, este parece-me um bom exemplo da confusão ideológica que reina na direita portuguesa. Não percebo como se compatibiliza o discurso de ajuda à tesouraria das PMEs com críticas a medidas que permitem que as mesmas PMEs exportem. 

 

É um discurso fatalista que toma uma posição activa no desaparecimento das exportações portuguesas. De facto, o "risco é demasiado grande" para os accionistas porque as necessidades de capital no actual contexto de crise obrigam a um aumento dos prémios de risco da actividade de segurar créditos à exportação, mas não deverá ser "demasiado grande" para o Estado, principalmente se pensarmos nas implicações para a economia portuguesa do desaparecimento das nossas exportações.

 

O Estado deverá ter por objectivo assegurar a viabilidade da economia portuguesa a longo prazo. Permitir que as empresas portuguesas exportem enquadra-se nesse objectivo. É um risco que o Estado pode e deve tomar. Repito, o combate à crise é um bem público, e esta medida é disso um bom exemplo. 

Uma listagem da nossas debilidades não é um programa político

A verdade destes senhores começa na despesa pública e acaba nos défices externos. No caminho acenam com o medo do crowding out e com o do estado.  A realidade é toda ela um perigo, uma limitação, não se vislumbrando qualquer tipo de oportunidade. Mas é a verdade, dizem-nos, tentando desqualificar quem pensa de modo diferente.

Comecemos pelo crowding out. É ou não verdade que a poupança privada está a  aumentar, retraindo o consumo e o investimento, e que só a intervenção activa do estado — enquanto empreendedor e investidor  pode evitar que a crise se agrave? É

ou não verdade que a razão principal pela qual os privados não investem se deve mais às baixas perspectivas de receita futura do que a questões de liquidez imediata?  É ou não verdade que o endividamento só se resolve diminuindo a despesa (o que aumenta necessariamente a recessão) ou aumentando o crescimento através de investimento? É ou não verdade que, não se vislumbrando grandes iniciativas privadas, torna-se necessário que o estado assuma uma posição de liderança?

 

Outro dos mitos dos senhores do argumentário da verdade é a diabolização das obras públicas. Esta obsessão, dizem, provocará “debilidades competitivas no tecido produtivo nacional”. Eu gostava de saber o que aconteceria se a viagem entre Lisboa e Porto ainda demorasse 6 horas. Eu gostava de saber o que seria de Portougal sem ligações de qualidade à Europa. Eu gostava de saber o que  seria se não investíssemos no porto de águas profundas de Sines. Eu gostava de saber o que aconteceria se o estado não investisse nas renováveis e não apostasse no sector da energia como pilar estratégico da economia nacional. Enfim, eu gostava de saber em que medida existe, neste momento, uma alternativa credível ao investimento público que garanta uma maior competitividade à economia Portuguesa. Num cenário de retracção do investimento privado, pelas razões que enunciei acima, é difícil vislumbrar alternativas. É óbvio que podemos questionar a bondade de certas obras. Mas o debate tem de ser feito tendo em consideração não apenas os méritos individuais de cada obra mas também, e sobretudo, sobre como estas se inserem numa visão estratégica de desenvolvimento do país. Há investimentos que o estado se propõe fazer pela simples razão de que nenhum privado seria capaz de  assumir essa responsabilidade. E a razão não radica na ausência de rentabilidade desses investimentos ou na falta de liquidez dos privados. É preciso não desvalorizar a dimensão de bem público e as externalidades associadas a certo tipo de investimentos estruturantes. Muitas vezes, sem o impulso do estado não é expectável que os privados decidam investir. No contexto actual, isto parece ainda mais evidente.

 

É preciso deixar algo bem claro: combate à crise e a dinamização da economia de um país são um bem público e, por isso mesmo, não podem ser deixados exclusivamente aos privados. As propostas políticas que apostam num Portugal menos periférico, com um mix energético menos poluente, etc, têm de ser criticadas no campo das suas intenções e na visão de futuro que antecipam. Se não quiserem este plano, expliquem-nos a alternativa. A tal Verdade é meramente descritiva e não aponta um caminho. E é redutora, pois depende de uma visão limitada daquilo que são os desafios (e as oportunidades) que Portugal enfrenta. Portugal precisa de uma ideia, de um plano, não de uma listagem das nossas debilidades. Para autoflagelação já temos a religião. Ou, como diz o João Pinto e Castro: "O desenvolvimento, meus amigos, não é o prémio da virtude. Se fosse, o caso resolver-se-ia fazendo penitência"


O erro de Ferreira Leite

Ajudar a tesouraria das empresas é necessário para evitar falências, protegendo algum emprego, amparando algumas quedas de uma crise muito violenta. O tal "abalo". Mas teremos melhores resultados tentando igualmente proteger os planos de crescimento das pequenas empresas que, tendo nichos de mercado para crescer ou novos produtos para colocar, não sofram com o estrangulamento do crédito a que o sistema financeiro se terá que adaptar nos próximos anos. Os bancos já estão a anunciar o PME Invest IV, onde já participaram 25 mil empresas. Como é que isto é "ignorar as PMEs"? Só 10%? E isso é pouco em menos de um ano? Mas também me parece que, centrar uma política económica na liquidez de algumas empresas, como parece ser a intenção deste PSD, é muito redutor.

Pensar o país a médio prazo exige outro tipo de políticas. Outro tipo de ambição. Não bastam promessas de ajuda aos pequenos empresários. É preciso ter uma ideia sobre o que Portugal será no futuro.

As propostas do PSD são o regresso ao país pobre e remediado, resignado com o seu isolamento, incapaz de assumir desafios. Em alturas de crise é natural que tenhamos receio, e muitas dúvidas, mas é obrigação dos líderes enfrentar o desafio e assumir o risco próprio dos empreendedores. Só assim se combate esta crise.

O investimento público não é só despesa, deve representar também uma visão de futuro. A alternativa é resignar, baixar os braços, e esperar que a crise passe, enquanto os outros, também vão passando por nós.  

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