Resumo
1 - Cortes salariais, cortes de pensões, cortes nos apoios sociais. Que só não foram bem mais longe porque ainda temos uma Constituição e um Tribunal Constitucional.
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1 - Cortes salariais, cortes de pensões, cortes nos apoios sociais. Que só não foram bem mais longe porque ainda temos uma Constituição e um Tribunal Constitucional.
1- Desde o início da crise que se sabia que a situação da Grécia era insustentável, no sentido de não existir uma política com hipóteses de sucesso que não partisse de uma profunda reestruturação da dívida existente;
1. temos de privatizar a fidelidade pq é pública, logo mal gerida, e financia demasiado o acionista (cgd);
2. vendemos à fosun (td a gente sabe que o Estado chinês é que gere bem) e a fosun vende a dívida da cgd para comprar a da fosun;
3. com sorte ainda vendemos também o nb à fosun. assim, até criamos um conglomerado financeiro ainda maior que o bes;
4. porque todos sabemos que os conglomerados são bons, desde que - mais uma vez - sejam geridos pelo Estado chinês;
5. eu sei que é difícil acompanhar a lógica deste governo. as más línguas dizem que é porque não há, mas são más línguas.
O documento “Uma década para Portugal”, apresentado a 21 de Abril pelo PS, foi promovido a Orçamento do Estado pelo PSD quando este partido sugeriu a análise da UTAO ao mesmo. Reconhecendo que se trata de uma proposta bem estruturada e que configura de facto uma alternativa face ao atual triste estado de coisas, creio, ainda assim, que tal promoção é um exagero. É apenas um documento de base, faltando o programa eleitoral que certamente concretizará mais medidas e até algumas de forma diferente. Partilho, pelos vistos, com o PSD a esperança de ver a opinião da UTAO, mas no momento certo. Isto é, sobre a concretização do documento nos Orçamentos do Estado dos próximos quatro anos de legislatura.
Memorando para a salvação do capitalismo
A útima crónica do João no Jornal de Negócios. Para ler, reler, e não esquecer.
Ontem, a propósito deste post, perguntaram-me que alternativa proponho. Bom, não posso deixar de me sentir surpreendido pela pergunta. Não me arrogo nem a competência, nem o conhecimento suficientes para desenhar uma solução alternativa. Ainda assim, atrevo-me a deixar aqui algumas notas:
1) A alternativa a um curso de ação que comprovadamente não funciona pode simplesmente ser não o fazer. Ou fazê-lo de forma diferente, menos brutal. Ter um governo que entenda que este caminho não leva nem a consolidação orçamental, nem a uma maior sustentabilidade da dívida pública, seria um primeiro passo importante na defesa desta posição (e do país, já agora) e no encontrar de alternativas mais sustentáveis.
2) Tomo como boa a ideia de que é necessário reduzir a despesa pública e alcançar contas públicas equilibradas. O problema é que isto tem de ser feito de uma forma coerente e pensada. Se quiserem, uma verdadeira reforma do estado. Cortar salários a toda a função pública de forma indiscriminada ou soluções como despedir 100.000 trabalhadores do estado sem identificar que serviços o estado deverá deixar ou não de providenciar só tem um nome: incompetência.
3) Sabemos que a consolidação orçamental e as reformas estruturais (expressão normalmente vazia, usada para descrever soluções vagas a dificuldades difusas) são particularmente difíceis de fazer num contexto de recessão profunda e prolongada. Basta ver o esforço de cortes necessários para o défice reduzir tão pouco. Ou pensar se a “grande vitória” dos últimos anos, o equilíbrio externo, não será imediatamente posto em causa assim que a queda da procura interna deixar de pressionar as importações. Nesse sentido, os dois objetivos, consolidação e reforma, não parecem ser possíveis de realizar em simultâneo num espaço de tempo curto.
4) É para mim claro que os problemas nacionais têm muito pouca relevância no contexto de uma crise financeira global. Nesse sentido, não há saída da crise que não passe por uma alteração da resposta europeia – se quisermos manter o euro, claro. A mutualização, tome ela a forma que tome, é imperativa. Nenhuma resposta nacional (de Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha ou Itália) terá sucesso sem resolver o problema institucional da zona euro.
5) A minha maior preocupação continua a ser a democracia. A TINA (There Is No Alternative) é apelativa, pois joga com os medos mais básicos das pessoas – isto pode ficar muito, muito pior. No seu modo mais extremo, a que temos assistido, implica um desrespeito enorme tanto pelas instituições que configuram o nosso estado de direito, como pelas expectativas legítimas da população. Uma solução imposta de fora, apoiada cegamente por um governo que despreza as nossas leis e coleciona falhanços atrás de falhanços, aumenta de forma clara os riscos de populismos que não trarão certamente nada de útil à solução.
A pergunta "qual é a alternativa?" tem sido usada desde o início para justificar a irracionalidade das medidas que nos têm sido impostas. Mas não é por isso que deixa de ser uma pergunta útil e válida. Acho que todos concordamos que estamos num contexto em que as opções políticas são determinadas pelos nossos financiadores. Temos a opção de cumprirmos ou deixarmos de receber financiamento, o que, num contexto em que não temos acesso aos mercados de dívida, implicaria ou uma reestruturação agressiva e/ou um défice zero já (dentro do contexto do euro, sim, mas creio que nem vale a pena discutir essa, para mim, não alternativa).
Tudo isto parece lógico. Mas a lógica, infelizmente, parece ter sido a primeira vítima da austeridade neste país. Se dúvidas fundamentadas já existiam antes da aplicação dos programas, o rotundo falhanço destes transformam essas dúvidas em certezas. O nível de austeridade aplicado sucessivamente às contas públicas tem tido um efeito risível sobre o défice mas bem sonoro sobre a actividade económica. Ora, não é por acaso que a dívida se mede em rácio com o PIB. Se provocamos recessões que, pela sua natureza, têm quase características de depressão, estamos a não resolver o problema do défice e a agravar em muito o problema da sustentabilidade da dívida.
Bom, se não funciona, porquê insistir nisto? Nem devedores, nem credores, têm interesse em que a dívida portuguesa seja cada dia mais insustentável. O problema é que a lógica não vale de muito na presença da crença. E quem acredita que o problema português (e do Sul da Europa) é uma questão moral, de insuficiência de carácter, só pode pensar que o sofrimento desnecessário não só é justo, como a única forma de nos redimirmos. Mas o verdadeiro drama não é esta ser a visão dos nossos credores. É o nosso governo - e muitas das nossas "elites" - acreditarem na mesma coisa. Ou seja, quando o país mais precisava de quem o defendesse de uma visão errada, escolhemos quem respondia "esfola" ao "mata" dos nossos credores.
"Não temos alternativa". Temos, claro. Muitas, até. A maior parte delas com mais custos do que o que estamos a fazer actualmente. Mas defender publicamente que este não pode ser o caminho, com a força dos dados a prová-lo, não devia ser assim tão difícil. O problema é que ao insistirmos em reforçar um caminho insensato, em continuar a ir como ou além de uma troika com laivos de fanatismo, só damos força a quem quer substituir a falta de senso destes com a falta de senso dos próximos.
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
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De facto vivemos tempos curiosos, onde supostament...
De acordo, muito bem escrito.
Temos de perguntar porque as autocracias estão ...
aaaaaaaaaaaaAcho que para o bem ou para o mal o po...